quinta-feira, 17 de março de 2016

James Cameron e Christopher Nolan são contra o projeto da “Netflix do cinema”

Diretores valorizaram a experiência do público no cinema



Enquanto Steven Spielberg, Peter Jackson, J.J. Abrams e outros apoiam o Screening Room, projeto de streaming idealizado por Prem Akkaraju e  Sean Parker (envolvido em empresas como Napster, Facebook e Spotify) que promete disponibilizar na casa de assinantes grandes lançamentos hollywoodianos ao mesmo tempo em que os filmes estreiam nos cinemas, dois diretores se posicionaram contra a ideia.

Em entrevista ao Deadline, James Cameron e o produtor Jon Landau valorizaram a experiência no cinema e Landau afirmou não entender o movimento da indústria:

“Jim [James Cameron] e eu continuamos comprometidos com a santidade da experiência na sala de cinema. Para nós, de um ponto de vista financeiro e criativo, é essencial que os filmes sejam oferecidos exclusivamente nos cinemas em seu lançamento inicial”.

“Não entendemos porque a indústria quer dar incentivo para o público pular a melhor forma de experimentar essa arte que trabalhamos tanto para criar. Para nós, a experiência no cinema é a fonte que guia todo o nosso negócio, independentemente do que outras plataformas eventualmente vão fazer. Ninguém é contra assistir em casa, mas há uma sequência de eventos que levam a isso. Essa experiência comum dentro do cinema é muito especial”.

Landau também mostrou preocupação com a questão da pirataria, caso o serviço seja lançado: “Uma vez que algo está disponível em casa, você se abre para uma vulnerabilidade da pirataria e nós sabemos que as pessoas que assistem filmes piratas não se importam muito com a qualidade”,

Em uma declaração (via THR), Christopher Nolan concordou com o discurso: “É difícil expressar toda a importância da apresentação exclusiva nos cinemas para a nossa indústria, de uma forma melhor do que James Cameron e Jon Landau".

O Screening Room prevê o lançamento simultâneo nos cinemas e na sala de casa por uma taxa de US$ 50 por filme. Para ter acesso ao serviço será preciso pagar US$ 150 dólares pelo equipamento antipirataria que transmitirá os longas e os consumidores terão 48 horas para assistir ao filme adquirido. Para garantir o apoio dos exibidores e dos estúdios, US$ 20 do "ingresso" serão destinados às salas de cinema e outros US$ 20 para os produtores de conteúdo, deixando apenas US$ 10 para o serviço. Além disso, cada compra dará direito a dois ingressos para ver o longa em uma sala de cinema, garantindo o lucro dos exibidores com pipoca e outros produtos comprados antes da sessão. O público-alvo são famílias grandes, pessoas mais velhas e/ou com dificuldade de locomoção.

O projeto ainda encontra resistência entre os exibidores - que veem a iniciativa como um incentivo para o público permanecer em casa, e da Disney, que não vê potencial do plano, mas o apoio de grandes nomes, da Sony e da cadeia de cinemas AMC deve garantir que outros estúdios e cinemas participem e o Screening Room saia do papel.

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