Filmes derivados das criações do cineasta combinam baixo orçamento com ótimas bilheterias
Invocação do Mal, Annabelle, Jogos Mortais, Sobrenatural. Quatro dos filmes de terror mais conhecidos da atualidade surgiram da mente de uma pessoa: James Wan. Com apenas 40 anos, o diretor malaio naturalizado australiano conseguiu burlar a regra de blockbusters milionários sem perder de vista o objetivo de Hollywood: bilheteria. Com o sucesso recente de Annabelle 2: A Criação do Mal, Wan acumula mais de um bilhão de dólares com a arrecadação dos longas derivados de Invocação do Mal - marca que alguns estúdios gigantes sofrem para alcançar.
Atualmente, esse novo universo de terror acumula quatro filmes a partir das intervenções de um casal de demonologistas, os Warren - interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga. Eles são Invocação do Mal, Invocação do Mal 2, Annabelle e Annabelle 2: A Criação do Mal. Os dois primeiros fizeram mais de US$ 320 milhões em bilheteria e o primeiro filme da boneca amaldiçoada conseguiu mais de US$ 250 milhões. Os valores, a princípio, parecem modestos mas tomam outra proporção quando descobre-se que nenhuma das produções custou mais de US$ 40 milhões. Na verdade, Annabelle tirou apenas US$ 6,5 milhões do bolso da New Line para sair do papel, enquanto o primeiro Invocação precisou de US$ 20 milhões, metade do seu sucessor.
A receita de sucesso não vai parar nestes dois caminhos. Além deles, estão planejados pelo menos outros três filmes para os próximos anos: A Freira, The Crooked Man (ambos aparecem em Invocação 2) e Invocação do Mal 3. Todos eles devem seguir as mesmas regras e devem apresentar outros personagens para o universo que está sendo estabelecido nas telas. Nos quatro filmes já lançados existem ligações entre personagens, vilões e até easter eggs sobre as maldições que são introduzidas na trama. Em Annabelle 2, por exemplo, um novo monstro fica conhecido do público e não deve demorar para ganhar um filme solo: o Espantalho.
Outra característica interessante da franquia é a aceitação global. Diferente de outras produções americanas, os filmes de Wan conseguem extrapolar o mercado dos EUA. Na estreia, A Criação do Mal ficou em primeiro lugar em mais de 20 mercados e teve desempenho acima da primeira aparição dos Warren no cinema. O primeiro filme da boneca tem mais de 70% da arrecadação feita no mercado internacional; Invocação do Mal 2 fez duas vezes mais dinheiro fora do que dentro dos Estados Unidos.
Assinatura do terror e os novos desafios de Wan
Os filmes de Wan, sejam produzidos, escritos ou dirigidos, carregam uma assinatura marcante, orçamentos enxutos e uma proposta de terror que mistura diversos elementos dos cinemas americano e japonês. A forma como o diretor cria e filma seus demônios remete diretamente ao horror nipônico da década de 1990, com espíritos pálidos em casas assombradas, gritos guturais e uma câmera subjetiva ao extremo. O jump-scare, aquele susto movido pela trilha sonora, não é tanto do feitio do australiano, que prefere criar o ambiente e o universo para só depois assustar. Jogos Mortais, seu primeiro grande sucesso comercial (custou menos de US$ 1 milhão e fez mais de US$ 100 milhões), é construído com base nessa premissa.
Essa é uma combinação que faz os filmes dele serem aceitos não só pelo público, mas pela crítica também. Invocação do Mal e o primeiro Jogos Mortais raramente ficam fora das listas de filmes de terror/suspense mais importantes dos últimos anos. Essa noção apurada de estética e narrativa foi o que fez a Universal convidar Wan para dirigir Velozes e Furiosos 7. O longa se tornou o maior sucesso de bilheteria da franquia e abriu mais uma porta para o cineasta. Ou melhor, os portões de Atlântida. Ele agora é o responsável por trazer o Aquaman para as telas.
E esse está entre os novos desafios do cineasta, que hoje carrega bastante prestígio em Hollywood. Os rumos que a adaptação da DC tomará vão dar uma nova cara a carreira de James Wan, assim como os novos filmes do universo de terror derivados de Invocação do Mal. Expandindo do jeito que está, é fácil o controle criativo se perder e os produtos saírem a toque de caixa - o que normalmente traz resultados negativos. Por isso, 2018 pode ser um ano decisivo para ele, que verá A Freira e Aquaman chegarem às telas. É esperar para ver.
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