terça-feira, 21 de novembro de 2017

O futuro grandioso do Universo Cinematográfico da DC depois de Liga da Justiça

Filme da equipe chegou aos cinemas, mas ainda não é a solução para os problemas do estúdio



Não dá para dizer que a DC não se arrisca nos cinemas. Desde a década de 70, quando lançou o primeiro filme do Superman, a empresa não tem medo de recomeçar suas franquias, trocar atores e tentar uma nova abordagem quando algo não dá certo. Liga da Justiça chegou aos cinemas com o intuito de estabelecer de vez o Universo Estendido da empresa, mas parece que a DC precisará de coragem mais uma vez para se reinventar.

O filme arrecadou US$ 93 milhões na estreia americana, valor abaixo do esperado, e isso é um indicador importante para o futuro. Para comparação, Mulher-Maravilha arrecadou US$ 103 milhões em seu primeiro fim de semana; Batman vs Superman: A Origem da Justiça, US$ 166 milhões; Esquadrão Suicida, US$ 133 milhões e O Homem de Aço, US$ 116 milhões. A reunião dos heróis é, até o momento, o longa do Universo Estendido da DC com a menor arrecadação de entrada. Segundo algumas projeções, ele pode até dar algum prejuízo para a Warner.

Vários fatores podem ter influenciado isso, mas a questão principal é como ficam os próximos filmes da DC depois desse resultado negativo inicial. Por enquanto, as certezas são o filme solo do Aquaman, em fase de pós-produção, Mulher-Maravilha 2, a sequência de um dos acertos do estúdio, e Shazam!, que deve ter um tom mais leve e já contratou seus protagonistas. Existem ainda os projetos da Batgirl de Joss Whedon, do Asa Noturna e do Exterminador, mas não existem detalhes sobre quando essas produções serão feitas. As dúvidas residem mesmo nos demais filmes do estúdio, que foram anunciados há alguns anos na San Diego Comic-Con.

A começar por Ciborgue, personagem fundamental para a trama de Liga da Justiça e que teve várias de suas cenas de origem deletadas do corte final. Com isso, há espaço para explorar a vida de Victor Stone antes de seu acidente, e como ele teve seu corpo transformado pela Caixa Materna. Porém, se Liga da Justiça não teve o resultado inicial esperado, será que um personagem como o Ciborgue consegue, sozinho, sucesso em termos financeiros?

Indo para o Flash, seu filme solo chegou a ter Rick Famuyiwa na direção, mas o cineasta deixou o projeto em outubro de 2016. Na última Comic-Con, a DC anunciou que o longa terá como base a trama do Flashpoint (Ponto de Ignição), que pode significar uma virada para o estúdio nos cinemas.

Nas HQs, o Flashpoint mostra Barry Allen vivendo em uma linha do tempo alternativa, que altera vários heróis como Ciborgue, Aquaman, Mulher-Maravilha e, principalmente, o Batman. Nesse mundo, Bruce Wayne foi morto ainda criança no lugar dos pais e Thomas Wayne se tornou o Homem-Morcego. Martha Wayne enlouquece com a morte violenta do filho e se torna uma versão do Coringa.

É uma história dura, mas a DC sempre teve essa característica nos quadrinhos. Enquanto a Marvel tem heróis mais “pé no chão”, a DC tem os “deuses entre nós”, com arcos dramáticos que surpreenderam fãs de quadrinhos ao longo de várias décadas. Seria um passo importante adaptar uma trama densa como o Flashpoint, desde que a produção tenha qualidade e não sirva apenas para alterar os rumos dos próximos filmes. O foco precisa ser a história.

Colocando tudo em ordem

Além da bilheteria abaixo do esperado, a DC lida com outro grave problema, que são os rumores envolvendo seus projetos. É difícil passar uma semana inteira sem ouvir boatos sobre novos longas que podem ou não acontecer. Nessa lista estão Gotham City Sirens, filme com as vilãs de Gotham City; um possível filme solo do jovem Coringa; outro que uniria Coringa e Arlequina, personagem querida pelo público depois de Esquadrão Suicida, entre outras produções.

Nenhum desses projetos foi oficializado, mas apenas a menção a cada um deles já bagunça os ânimos dos fãs, que começam a fazer teorias sobre como seria cada história. Até mesmo o longa solo do Batman, que atualmente tem Matt Reeves confirmado na direção, já perdeu Ben Affleck atrás das câmeras e agora discute uma possível troca de Affleck como o herói do título.

Em setembro, Geoff Johns comentou sobre essa sensação de “desorganização” que os fãs sentem com a DC. Segundo ele, muitas coisas vazam enquanto ainda estão na fase de roteiro e isso atrapalha a estratégia da empresa. Outro indicativo dado por ele é que os longas do estúdio podem ser menos interligados, diminuindo essa sensação de um universo compartilhado.

Isso não seria uma completa novidade na DC. Por muitos anos, os filmes do Batman existiram sozinhos e o personagem fez sucesso. Porém, nesse momento, o universo compartilhado já está em andamento e seria frustrante para os fãs ter esse projeto interrompido sem uma finalização. O que fazer então? Há uma solução para tudo isso, que vai muito além do que apenas acrescentar humor.

Como dito acima, a DC tem histórias complexas e, para chegar ao impacto necessário nos cinemas, o público precisa se importar, ter empatia com os heróis mostrados na tela. A Mulher-Maravilha é uma personagem bem-sucedida e grande parte desse sucesso se deve ao seu filme solo. Agora que conhecemos sua história, é mais fácil se importar com qual será o seu destino nos próximos filmes. O Homem de Aço (2013) também tem essa premissa, mas por apresentar um Superman em seus primeiros passos como herói, o personagem talvez ainda não fosse o farol de esperança esperado pelos fãs. Quanto ao Batman, Ben Affleck foi aclamado por muitos fãs, mas a ideia de mostrá-lo já veterano, pode não ter funcionado muito bem em questão de criação de um universo compartilhado coeso, e no início da Liga da Justiça, onde essa abordagem dificultaria uma possível relação em equipe. Tudo resultando um ajuste de personalidade em Bruce Wayne, como consequência dos acontecimentos retratados em Batman vs Superman.

Se o filme da Liga da Justiça não melhorar em termos de bilheteria, é hora de repensar os próximos passos com calma. Parece ser exatamente o que vem sendo feito nos estúdios da Warner Bros. Estabelecer a personalidade dos heróis de forma contundente e fazer um plano de lançamentos possíveis a longo prazo parece uma boa forma de começar a arrumar a casa. Quando isso estiver estipulado e os espectadores já conhecerem e sentirem uma ligação com cada personagem, aí sim é o momento de novamente unir equipes e apostar em histórias mais desafiadoras. Uma grande oportunidade, começar esse novo caminho nas telas, justamente com os já confirmados longas solo.

Para fazer isso, é importante que a DC não se compare com estúdios como Marvel e Fox ou tente alcançá-los rapidamente. É hora da empresa de Superman, Batman e Mulher-Maravilha traçar um plano de futuro concreto e realista, com uma cara própria, que a diferencie do que já existe e faça os fãs aguardarem ansiosos pelos seus lançamentos.

Em suas mãos, a DC tem "os maiores heróis do mundo", aqueles nos quais nos espelhamos e nos inspiram a sermos melhores. Colocar anos dessa tradição nos cinemas não é uma tarefa fácil, mas com calma e criatividade é possível sim criar um universo grandioso e digno da maior trindade que a cultura pop/nerd já viu.

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