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Crítica | Superman (2025) – A volta da esperança e essência do maior herói

Um grande recomeço para a DC nos cinemas

Após anos de tentativas frustradas e identidades perdidas, “Superman” (2025) finalmente dá ao icônico herói da DC o retorno que ele merece. Dirigido por James Gunn, o novo longa carrega a responsabilidade de resgatar a credibilidade do personagem nos cinemas, reconectar com a essência dos quadrinhos e, ao mesmo tempo, estabelecer um novo universo cinematográfico da DC. A boa notícia? Ele consegue.

O resgate da essência

Desde os primeiros retratos de Kirk Alyn e George Reeves, passando pelo lendário Christopher Reeve, que até hoje é considerado o Superman definitivo, a figura do herói sempre oscilou entre idealismo puro e tentativas de realismo.

“Superman: O Retorno” tentou reviver o espírito clássico, sem sucesso. Já o Superman de Zack Snyder trouxe um tom mais sombrio e filosófico, apostando em metáforas messiânicas e conflitos internos. O resultado foi divisivo: “Batman vs Superman” perdeu o tom, “Liga da Justiça” virou uma colcha de retalhos, e o universo da DC se perdeu de vez, sendo enterrado de forma melancólica com The Flash (2023).

Diante desse cenário, James Gunn entra com uma proposta ousada: equilibrar o espírito leve da Era de Prata dos quadrinhos com elementos modernos, emocionais e cinematograficamente atraentes. Gunn, que brilhou na Marvel com Guardiões da Galáxia, abraça o lado “bobo” e leve do Superman – com monstros gigantes, a Fortaleza da Solidão, Krypto e até conceitos como o “Universo de Bolso” – mas sem perder a alma do personagem.

O maior acerto de Superman

O maior acerto do filme está em seu protagonista. David Corenswet entrega um Superman carismático, altruísta, e ao mesmo tempo humano. Diferente do que vimos em versões anteriores, aqui o herói acredita no bem de forma genuína, mas sem soar artificial. A relação com o Planeta Diário funciona, ainda que o foco maior seja em sua vida como herói.

Krypto, o Super Cão, não é só um adereço na trama pra atrair crianças e vender brinquedos, já que Gunn prova mais uma vez sua facilidade em trabalhar com todo tipo de criatura e animal dando carisma a todos eles. Krypto serve como espelho emocional de Clark, gerando momentos de identificação e empatia. E, em muito tempo, vemos um Clark Kent e um Superman que funcionam como personas complementares, e não apenas como disfarces um do outro.

Nicholas Hoult surpreende ao interpretar um Lex Luthor estratégico, invejoso e manipulador. Ele não é apenas um gênio do mal, mas alguém que deseja desesperadamente substituir o Superman no centro da atenção do mundo. Seus planos são mirabolantes, mas críveis dentro da lógica do universo proposto por Gunn.

Assim como Lois Lane (Rachel Brosnahan), que ganha vida de verdade aqui. Ao contrário de versões anteriores onde era apenas o interesse amoroso do herói, ela é uma jornalista determinada, que valoriza a verdade acima de tudo, ao mesmo tempo que mantém uma relação crível e afetuosa com Clark.

Ao lado dela, Jimmy Olsen (Skyler Gisondo), tem um destaque inesperado, com uma subtrama que flerta com o exagero, mas que não prejudica o andamento do filme no fim das contas graças ao tom estabelecido pelo diretor, que sabe equilibrar a comédia e o drama.

Algo que poderia dar muito errado na construção da história, era a Gangue da Justiça, essa que James Gunn realmente cumpriu com a palavra ao dizer que os outros heróis presentes não seria apenas aparições gratuitas, já que ambos tem um propósito na trama, expandindo o universo sem roubar o protagonismo do Superman.

Apesar de nem todos serem bem trabalhados, como o caso da Mulher-Gavião (Isabela Merced), que fica de escanteio na festa.

Sem dúvida, Guy Gardner é o grande destaque cômico, com uma personalidade arrogante e divertida que rouba a cena.

E claro, não podemos nos esquecer do Senhor Incrível de Edi Gathegi, chamado Mister Terrific no original. O personagem entrega uma das melhores cenas de ação do filme em um plano-sequência que lembra os melhores momentos de Yondu em Guardiões da Galáxia.

O maior erro de Superman

Já do lado dos vilões além de Lex Luthor, apesar de boas ideias, Ultraman e Engenheira são mal aproveitados, com a impressão ao assistir de que cenas foram cortadas pois havia ainda mais para se desenvolver. O grande destaque fica para as cenas de ação, mas todo lado de desenvolvimento de personagem, carece de profundidade e um maior impacto emocional. Ultraman e Engenheira nesse filme se tornam um potencial desperdiçado, tanto pelo visual quanto pelo arco que poderiam ter.

Da mesma forma, ao mesmo tempo que o filme resgata a essência do personagem central, em sua personalidade e humanidade, outro potencial desperdiçado se torna a reviravolta na origem do Superman formulada por James Gunn.

O diretor quebra um paradigma importante que para muitos fãs [eu incluso] pode ser realmente decepcionante, ainda mais se for esquecido e permanecer como é indicado até o final do filme. Um distanciamento de outro lado importante do Superman, sua herança kryptoniana, que nesse lado James Gunn não consegue dar o equilíbrio que ele prometia desde o início do desenvolvimento. O lado humano ganha maior destaque, o que não necessariamente seria um problema, se não fosse pela decisão tomada ao longo do filme de subverter o que se espera dos Kryptonianos que vemos nas HQ’s e outras mídias.

Para completar, outro ponto que poderia ter sido ainda mais explorado é justamente a batalha final, que ganha um escopo maior e maior, mas que logo é resolvida de forma bem rápida, então certamente o clímax poderia ter se estendido e dado uma conclusão satisfatória ao herói e aos vilões.

“Superman” é bom?

“Superman” (2025) acerta em cheio no que mais precisava: devolver ao personagem sua identidade, carisma e relevância. James Gunn entrega um filme que mistura leveza, coração e ação com um frescor que faltava ao universo da DC nos cinemas.

Não é perfeito — há personagens subaproveitados e decisões questionáveis quanto a origem do personagem — mas o saldo é amplamente positivo. Para os fãs de quadrinhos, é um prato cheio. Para o público geral, uma chance de (re)descobrir o primeiro grande super-herói da DC, que se tornou o maior e mais importante da cultura pop, e merecia um filme a altura.

Tem cenas pós-créditos?

Há 2 cenas pós-créditos, uma logo depois dos nomes do elenco e outra ao final de todas letras subirem. Nenhuma das duas cenas é reveladora ou necessariamente importante para o futuro. O momento mais relevante vem no final do próprio filme, abrindo portas para os próximos lançamentos.

Nota final:8/10

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